Não gosto de matar cabas (**).
Nunca levei uma ferroada desses bichos, embora tenha ouvido relatos de que se trata de uma experiência dolorosa.
Mesmo assim, eu as encarava como animais silvestres: inofensivos se não forem incomodados.
O problema foi quando elas resolveram colonizar o lustre do banheiro...
Até tentei manter minha política de boa vizinhança, evitando o conflito através de acordos diplomáticos.
"Vocês não mexem comigo, e eu não mexo com vocês".
Assim vivemos em paz durante algum tempo.
Porém elas romperam o pacto: de visitantes ocasionais, tornaram-se presença constante, e em número cada vez maior.
Fosse na área de serviço... na sala... na cozinha... mas no banheiro?!?! Não tem intestino que funcione sob o zumbido de uma família de cabas. O banho, então... havia se transformado no meu momento hitchcockiano diário. Nu e vulnerável, imaginava-me sendo picado nas partes mais "imagináveis" possíveis.
Como relaxar encarando esse bicho?
Foi assim que o confronto armado tornou-se inevitável.
Minha primeira investida foi com uma vassoura. Mas essas cabas belenenses estão mais para pragas urbanas do que para inocentes animaizinhos silvestres. Expulsa-se uma, voltam pelo menos quatro. Espanto essas quatro, vêm dezesseis... Com a consciência tranquila por não me sentir responsável pela extinção de uma espécie (demostrada estatisticamente), e antes que o enésimo termo da progressão geométrica me escorraçasse de minha própria casa, decidi empregar um armamento mais pesado, não me esquecendo de fazer uma oração pelo curioso Neanderthal que primeiro friccionou gravetos secos, pois é graças a ele que EU DOMINO O FOGO!
Hoje é muito mais simples: uma folha de jornal enrolada no cabo da vassoura... um isqueiro... pronto!
Morrer, elas não morreram. Porém ficaram tão atordoadas, que se tornaram alvos fáceis para a chinelada misericordiosa.
Espero que tenham aprendido quem é o dono do cafofo!
Seguindo a tradição histórica dos genocidas, também me encarreguei de exterminar a geração seguinte, antes que ela crescesse cheia de ódio no coração e pudesse dar vazão ao desejo de vingar a morte de seus pais.
Desde então, caba não mais mais vez.
Entrou, morreu! (sem dramas de consciência)
* Outras demonstrações de poder aqui e aqui.
** Para os não-paraenses: CABA = MARIMBONDO
11 comentários:
É, esse negócio de levar picada nas partes mais "inimagináveis" possíveis, no banheiro, realmente não deve ser legal.
Fogo é a melhor anternativa. Mas não se esqueça de tirar todo o ninho.
Seja bem-vindo de volta à blogosfera
Abraço
Meu caro Belenâmbulo,
Seus acurados estudos, testados e demonstrados cientificamente, podem nos salvar.
Será que um upgrade desse método não nos ajudaria acabar com outras pragas urbanas?
Micro cabas! *-* Dá até dó de matar a nova geração, mas quando me lembro que me minha mão já ficou inchada por uma semana doendo horrores, o instinto insect serial killer me vem à tona.
Aqui em casa eu enfrento situações de guerrilha com as baratas - daí a inspiração pro abandonado Blattaria Deflagration - que não são tão agressivas, mas são igualmente trabalhosas.
Abraços!
Uma ferroada de caba dóóóói!!!!
Mas tem um remédio muito bom prá cortar a dor, aprendido com a sabedoria de cabocla da minha mãe: Amassar um dente de alho e esfregar em cima do local. Dá uma ardida a mais , porém em seguida a sensação de alívio vai chegando aos poucos.
José Maria
Égua da dor! Queima como se fosse ponta de cigarro. Tive minha triste experiência com esses animaizinhos desgraçados na UFPA, em 2007. Tentei superar a dor focando minha mente na aula, pois não havia outra alternativa, e o Betina estava bem distante... Resisti bravamente não me entregando a desgraçada dor... Cheguei mesmo a me sentir um mestre ioga. Ao término da aula, o veneno havia se espalhado pela costa já subindo para o pescoço. Corri para a mais próxima farmácia. A farmacêutica tirou um sarro de meu desespero. Pediu para olhar. Ao erguer minha camisa e mostrar-lhe minha costa escutei: OOOH!!! Essa interjeição da profissional da saúde me deixou preocupado. Ela me vendeu um remédio chamado ACETATO DE DEXAMETASONA. Foi um santo remédio. Ele vale para picadas de insetos. Valeu!
Jorge Edson.
Ha, Ha, Ha, Ha!!!! Excelente retorno, amigo, parabéns pela crônica leve e bem-humorada. Imagino o conflito instaurado em sua mente diante dessa intrincada relação homem x natureza. Também não é da minha índole matar seres vivos, mas de vez em quando também abro exceções... Essa situação seria uma delas, certamente. Mas eu seria menos ecologicamente correto, e apelaria mesmo para um velho e bom Baygon!! Garanto que a quantidade que vc usaria não seria 1 milionésino do que é usado na agricultura convencional, e os resultados seriam igualmente eficazes!
Abraços
O ninho da caba é construído a partir de uma massa de folhas verdes que elas mastigam até eliminar, através das enzimas do aparelho bucal, o amido que poderia ocasionar um ataque precoce de fungos. O que fica então?? a celulose, que é o próprio papel! Igual a papel reciclado, se você pôde perceber, olhando de perto.
Fred,
Imagina espremer um dente de alho nessas partes inimagináveis...
Bom, como se vê nas fotos, eliminei o ninho também, e ainda lambuzei o lustre com óleo de andiroba. Parece que funcionou.
Alencar,
Temos uma grande oportunidade de eliminar algumas pragas urbanas, agora, no próximo dia 03 de outubro...
Amanda,
Uma técnica prazerosa para erradicar as baratas é queimá-las ainda vivas, enquanto agonizam após uma chinelada meia-sola. Despeja-se um pouquinho de álcool e toca-se fogo. Elas crepitam e exalam um odor parecido com o de alguns salgadinhos industrializados.
José Maria,
Grato pela dica. Já testei a eficácia do alho numa picada de formiga. Funciona mesmo. Espero não precisar utilizá-lo numa ferroada de caba.
Jorge,
Seu relato é comovente.
Espero nunca levar uma ferroada de caba. Se levar, usarei primeiro o dente de alho sugerido pelo José Maria. Caso não funcione, procuro esse remédio que você indicou.
Valeu!
Marcelo,
Mas o gostoso é extravasar o sadismo em seres inferiores (já que não deveríamos descarregá-lo nas pessoas).
Baygon não tem graça!
Artur,
É verdade!
Agradeço pelo momento "ciência" aqui no Belenâmbulo.
Abraços
Ei! É uma postagem por mês agora, é?
Olá, moro aqui no Rio e me acabei de rir com seu Blog ,já coloquei como favoritos. Nasci em Belém mas moro aqui desde 2 anos. Não sabia que marimbondo se chamava caba. Um abraço.
Bem-vindo, então, prezado anônimo!
Abraço
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