domingo, 15 de agosto de 2010

O dono do cafofo

Não gosto de matar cabas (**).
Nunca levei uma ferroada desses bichos, embora tenha ouvido relatos de que se trata de uma experiência dolorosa.
Mesmo assim, eu as encarava como animais silvestres: inofensivos se não forem incomodados.

O problema foi quando elas resolveram colonizar o lustre do banheiro...
Até tentei manter minha política de boa vizinhança, evitando o conflito através de acordos diplomáticos.

"Vocês não mexem comigo, e eu não mexo com vocês".

Assim vivemos em paz durante algum tempo.
Porém elas romperam o pacto: de visitantes ocasionais, tornaram-se presença constante, e em número cada vez maior.

Fosse na área de serviço... na sala... na cozinha... mas no banheiro?!?! Não tem intestino que funcione sob o zumbido de uma família de cabas. O banho, então... havia se transformado no meu momento hitchcockiano diário. Nu e vulnerável, imaginava-me sendo picado nas partes mais "imagináveis" possíveis.


Como relaxar encarando esse bicho?

Foi assim que o confronto armado tornou-se inevitável.
Minha primeira investida foi com uma vassoura. Mas essas cabas belenenses estão mais para pragas urbanas do que para inocentes animaizinhos silvestres. Expulsa-se uma, voltam pelo menos quatro. Espanto essas quatro, vêm dezesseis... Com a consciência tranquila por não me sentir responsável pela extinção de uma espécie (demostrada estatisticamente), e antes que o enésimo termo da progressão geométrica me escorraçasse de minha própria casa, decidi empregar um armamento mais pesado, não me esquecendo de fazer uma oração pelo curioso Neanderthal que primeiro friccionou gravetos secos, pois é graças a ele que EU DOMINO O FOGO!
Hoje é muito mais simples: uma folha de jornal enrolada no cabo da vassoura... um isqueiro... pronto!
Morrer, elas não morreram. Porém ficaram tão atordoadas, que se tornaram alvos fáceis para a chinelada misericordiosa.


Espero que tenham aprendido quem é o dono do cafofo!


Seguindo a tradição histórica dos genocidas, também me encarreguei de exterminar a geração seguinte, antes que ela crescesse cheia de ódio no coração e pudesse dar vazão ao desejo de vingar a morte de seus pais.




Desde então, caba não mais mais vez.
Entrou, morreu! (sem dramas de consciência)


* Outras demonstrações de poder aqui e aqui.
** Para os não-paraenses: CABA = MARIMBONDO