quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Empate técnico?

Só assim para explicar a proliferação de primeiros lugares no vestibular da UEPA.




Na verdade, a simples leitura das letrinhas miúdas ou uma rápida consulta ao Dr. Google esclarecem a questão: o Teorema teve o primeiro lugar do Prise; o Universo, do Prosel; e o Physics, de ambos, em Santarém.

Diante de tamanha avidez por alardear tais conquistas, surgem-me algumas inquietações:
Até que ponto o mérito é do cursinho?
Ter o primeiro lugar significa, necessariamente, proporcionar um ensino de boa qualidade?
Qual a real importância da colocação no vestibular para o êxito do futuro profissional?
Você, como pai, deseja mesmo que seu filho seja o primeiro colocado?

Vejo uma geração de jovens estressados na busca por objetivos de validade duvidosa, como se o sucesso na vida dependesse de uma aprovação em determinado curso, de uma certa universidade cinco estrelas, de preferência entre os primeiros colocados no vestibular.
Cara... me dá uma raiva... francamente. Revisitando as barbaridades que registro e publico neste blog, pergunto-me: onde está esse povo todo na hora de respeitar algumas regras básicas de convivência, de tomar atitudes concretas em benefício do lugar que habitamos, enfim, de mostrar que teve educação?

Também fico revoltado com essa mania de escolher a carreira com base no tal "mercado de trabalho". Ora, pois... eu não sou mercadoria! "Faça o que gosta". Não seria bem mais simples? Mas não... isso exige reflexão e autoconhecimento, tarefas para as quais não se tem mais tempo.
E depois? Bom... depois vamos tentar algum concurso público, né? E tome mais cursinhos preparatórios!
Enquanto isso a vida se esvai: vamos nos concentrando no acessório, e nos esquecemos do essencial.

9 comentários:

Lawrence Paiva disse...

Parabéns pela postagem e pelo comentário! Ficou muito bom.

Yúdice Andrade disse...

Sempre tive vontade de contabilizar esses índices de aprovação.
Em minha opinião, mesmo quando a informação é relativamente verdadeira (do tipo "aprovei-sim-mas-foi-em-Santarém"), a omissão dos detalhes da notícia é publicidade enganosa e é má fé. Deveriam existir mecanismos para coibir isso. Como não existem, denunciemos os farsantes.

Alex Lacerda disse...

bem pensado, meu amigo, realmente acho que tens razão na parte do fazer o que gosta, pois acho que só assim iremos (ou irão), conseguir algum sucesso profissional, pois sei, como pai, que é isso que quero, não que os moleques fiquem ricos ou sejam famosos, mas só felizes, e sem fazer o gosta, isso é impossível.
abs

Anônimo disse...

E se formos ver hoje os primeiros colocados de alguns anos atrás? Quantos não desistem dos cursos por uma série de motivos, mas principalmente pela falta de "identificação" com a profissão dada pelos pais como "caminho certo". Por isso que há tantos jovens infelizes na carreira que se tornam grandes profissionais apenas pela quantidade de diplomas. Ou ainda, os que concluem o curso do sonho dos pais pais e depois vão fazer o que tem por vocação.
Égua, Belê, amei o post!
Tás voltando com tudo, hein?
Bjs,
Camilla

Laura C. Nogueira disse...

Nossa!!! gostei de seu texto pela sua reflexão. Essa leitura me fez pensar sobre essa disputa entre cursinhos principalmente, pq hoje em dia, esse "reforço" se resume a números ou $$$, onde o objetivo de ofertar uma EDUCAÇÃO complementar é um mero detalhe o que importa são os números de alunos em salas(q as vezes parece uma sardinha de tão cheias), que resultam em várias e inúmeras mensalidades ou em aulas especiais ou extras que são cobradas por fora ou se resumem em outro número, o tão almejado 1º lugar, onde talvez possa ser um "hei, olha meu cursinho aqui ele é bom têm até um 1º lugar" em uma propaganda. Seria legal colocar quantos de seus alunos, que depois de um tempo sem estudar e devido o apoio do cursinho, se tornaram jornalistas, blogueiros de sucesso, empresarios ou até mesmo quêm desistiu de um curso ou mudou de profissão e conseguiu algo de bom, isso eu nunca vi ser divulgado. Mas o que é importa é uma boa colocação, afinal cursinho é um comercio e não têm nenhum tipo de influência na construção de uma vida profissional!! é só pagar que passa...

Anônimo disse...

De tanto ver "out-doors" garantindo que o cursinho fulano, o cursinho beltrano e o cursinho sicrano garantiram o primeiro lugar, cheguei à triste conclusão que, para passar no vestibular, só fazendo todos os cursinhos. Aí a aprovação é certa.,

Prof. Alan disse...

Ainda tem as mutretas... Fui aluno do colégio Gentil Bittencourt a vida inteira. Fiz uma revisão de 1 mês no Objetivo, perto do vestibular. Quando passei o Objetivo botou meu nome no jornal como aluno dele, lógico...

Belenâmbulo disse...

Agradeço pelas palavras elogiosas, Lawrence.

Yúdice,
Vamos continuar fazendo isso com os resultados de outros vestibulares, ok?
Com relação à propaganda enganosa, vejo como um problema o critério equivocado de escolha do cursinho por parte de alguns pais e alunos, ao acreditarem que o melhor é aquele que teve o aluno primeiro colocado.

Alex,
Acho que alguns pais não têm tempo nem para si mesmos, quanto mais para acompanhar o desenvolvimento dos filhos... O mais fácil é pagar o cursinho mais caro, ou aquele que teve o primeiro colocado, e ficar de consciência tranquila porque "cumpriu o seu papel".

Camilla,
Complementando a resposta ao Alex, é muito mais fácil persuadir o filho a seguir "aquela carreira encantada", que garantirá sucesso, dinheiro e felicidade, do que incentivá-lo a refletir sobre suas vocações autênticas (até porque poucos pais têm experiência nessa área). Mentalidade simplista acreditar que a solução para todos os nossos males está na escolha profissional.

Laura, minha mais nova seguidora!
Bem-vinda ao Belenâmbulo.
Esse "comércio da educação", que se observa também na preparação para os concursos públicos, só cresce porque existem os consumidores, estes também em quantidade crescente. Se parássemos de delegar aos outros algumas responsabilidades que são nossas, como a simples paciência e disciplina no estudo, talvez esses cursinhos não tivessem tanta procura. Como minoria que sou, resta-me apenas espernear.

Anônimo,
É exatamente assim que eles querem que pensemos.

Alan,
Caberia uma ação por danos morais?
Se não fosse o caso, o jeito seria sair pichando outdoor por outdoor, com a observação: "FREQUENTEI AS AULAS, SIM... MAS NÃO APRENDI P**** NENHUMA LÁ".

Abraços a todos

Laura C. Nogueira disse...

é um prazer e uma diversão ler seus textos!!! obrigada pelas boas vindas. Mas discordo da frase "Se parássemos de delegar aos outros algumas responsabilidades que são nossas, como a simples paciência e disciplina no estudo, talvez esses cursinhos não tivessem tanta procura." o erro não está em disponibilizar um estudo extra e mais qualificado, afinal são professores, mas sim em procurar esses cursinhos mais badalados que gostam dos "alunos sardinha" ou seja, qto mais alunos socados em uma sala é melhor $$$$. As vezes há dificuldade de estudar sozinho e um reforço é bom mas há quêm não precise. Ex:minha mãe sempre estudou em escola pública e passou no vestibular de 1º vez, e eu fiz cursinho rsrsrs e serviu pra relembrar mesmo, mas foi um bem simples com uns 50 alunos em sala mais muito bom e espaço onde os professores faziam plantão por 2 horas. Essa discussão poderia ir longe...!mas prefiro dizer que sobre esse tema há seus prós e contras e que a questão está na ética dos donos e administradores de cursinhos. (ponto)