sexta-feira, 31 de julho de 2009

Domingo na praça


Há muito, muito tempo eu não ia à Praça da República numa manhã de domingo, programa há anos definitivamente inscrito no rol das atividades tipicamente belenenses. Não há como negar isso, considerando o número assustador de pessoas transitando por lá. Mas hoje fui com a família dar um pequeno passeio. O dia estava ameno para os nossos padrões, tanto que uma teimosa nuvem de chuva acabou por nos mandar embora.
Caminhamos pela praça e pude constatar o estado lastimável em que ela se encontra. Destaco a imagem triste aqui apresentada (foto de celular). Apesar de que alguém já iniciou a limpeza, a maior parte do ataque continua lá, mais visível do que a própria mensagem oficial, que alude ao Presidente da República entre 23.11.1891 a 15.11.1894, Floriano Peixoto.
"Brigar p/ causas é virtude!"
Então um féla desses sai sabe-se lá de onde, agride o majestoso monumento à República, um dos mais importantes símbolos de nossa cidade, e se sai com essa: o seu vandalismo é virtuoso, porque defende uma causa.
Aliás, eu gostaria muito de saber qual a causa do vagabundo que fez essa pichação. Curiosamente, essa informação não comparece em meio a suas garatujas, justamente ela, que seria o mais importante de tudo. Ainda mais sabendo que vivemos num tempo em que a juventude não tem mais ideais e seus valores estão bastante comprometidos. Não duvido que a pichação tenha sido feita por um pilantra com uma camiseta ostentando a famosa efígie de Che Guevara, mas com os sintomáticos tênis All Star nos pés, além de acessórios metálicos comprados em alguma loja do shopping, lugar por onde deve passear bastante. Com certeza, muita virtude.
Mas a minha reclamação vai mesmo para o poder público. Não há absolutamente nada que justifique um dano desse tipo nesse local permanecer indefinidamente. No Rio de Janeiro, furtar os óculos da estátua de Carlos Drummond de Andrade é quase um esporte municipal. Mas quantas vezes levam, quantas a prefeitura manda consertar, imediatamente. Aqui, pra variar, é o descalabro.
Quem dera fosse só a pichação! O centenário piso do pavilhão está desaparecendo. Por toda parte, um fedor de urina, ainda mais terrível por causa do calor. E cocô, meus amigos. Cocô humano. A praça sempre foi usada como banheiro, mas é intolerável que continue sendo. E ainda mais que, tendo sido, ninguém se importe em mandar limpar. Complete o cenário com a grama desaparecida em vários pontos, por excesso de pisoteio, de tal modo que as ondulações do terreno, que deveriam conferir um aspecto charmoso ao parque, estão em processo de erosão. E o cimento que calça as alamedas está cedendo em alguns pontos.
Se uma reforma custa caro - ainda que esse gasto seja absolutamente justificável e necessário -, uma limpeza e posterior vigilância, para impedir novas incursões dos mijões e cagões, já seria de grande valia. Mas, para isso, precisaríamos ter um prefeito, coisa que... Deixa pra lá.
E depois querem que esta cidade cagada seja subsede de Copa do Mundo. Bom, se for copa mundial de cocô à distância, talvez sejamos o endereço mais adequado.

Publicada originalmente no Arbítrio do Yúdice, em 17/05/2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carapanã da Marambaia


Este bichinho me custa cerca de 300 reais por mês em energia elétrica. Ar-condicionados permanentemente ligados.
Se os senhores temem o carapanã da dengue, imaginem o que deve ser levar uma picada desse bicho aí. Deve chupar o sangue todo. É o carapanã Conde Drácula da Marambaia.

Publicada originalmente no Intimorato, em 02/11/2008

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Horizontes e imagens de Mosqueiro II

Tudo começou...

assim...

... e foi atraindo alguns...

...que pararam para assistir este espetáculo.


Quero ver você subir nesta árvore.



Publicada originalmente no Flanar, em 15/06/2008

terça-feira, 28 de julho de 2009

Horizontes e imagens em Mosqueiro

Abrindo a porta de nossa casa em Mosqueiro, o visual que temos todos os dias é este. Nem preciso detalhar o prazer que este pequeno espaço nos proporciona há mais de 5 décadas.




Não há como evitar contemplar o horizonte e aprender seu funcionamento, seus atores sistemáticos e/ou ocasionais. Quando são ocasionais, fazem grande sensação, como foi o caso da passagem do iate Britannia, conduzindo nada menos do que o Príncipe Charles e a Princesa Diana, em visita a amazônia, há alguns anos atrás. Ou quando por lá, obrigatoriamente transitam os grandes e luxuosos transatlânticos, cada vez mais raros por estas paragens.
Mas enquanto o ocasional não faz a sua festa, que tal mostrar os atores sistemáticos.



Pode-se ver, por exemplo, a chegada de uma bela tempestade, como esta, trazendo várias tonalidades as cores tradicionais das tardes.



Ou então, aperceber-se daquilo que os antigos tanto demoraram a entender. Como a curvatura da terra, perceptível ao observarmos as embarcações no horizonte, com lentes poderosas.
Como este navio, que ao longe, só mostra seus mastros e parte da ponte de comando. O resto, ainda não apareceu. Está subindo ou então envolto no fenômeno de refração da luz solar. Ou os dois.



Pode-se também observar no início da manhã e no meio da tarde, as andanças das balsas (ou "pocilgas" como afirma o parceiro Juvêncio), em seu trajeto diário para a ilha de Marajó, quase em frente a praia de Murubira, no Mosqueiro. Elas aparecem bem pequenas, com a máxima ampliação das lentes. Mas no detalhe, ampliado pelo Photoshop, pode-se confirmar a observação.



Falando da ilha de Marajó, a visão de seu arquipélago ocupa quase que 50% do horizonte no Murubira. O restante, é caminho de mar aberto. Na imagem acima, vemos uma das últimas ilhas no caminho do porto de Camará (já na ilha de Marajó). De longe, nós vemos assim. De perto, quando vamos ao Marajó, vemos que este contorno arborizado, é delineado na verdade, por mangues de quase 30 metros, fazendo importante destaque no horizonte visto do Murubira.



Mas se olhar para o horizonte lhe deixar chegar o cansaço, pode também olhar para cima. Com um bom tempo, podemos supreender belas formações de nuvens...



... ou sermos premiados com a lua.

Por aquelas bandas, se conseguirmos evitar os aleijados mentais que insistem em estacionar seus carrões (e lá vi um Honda Civic e um Mitsubishi) e atacar de SuperPop em altíssimo volume, podemos sim usufruir de belas e poéticas imagens. Que os aleijados, de tão carentes, não conseguem enxergar.
Nada a mais do que o seu maldito nariz.

Publicada originalmente no Flanar, em 26/05/2008

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Entrada de quem?

Esta semana precisei ir ao Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e me deparei com a seguinte placa:
Tomado de súbito por um arrepio e empalidecimento nunca antes sentidos, resolvi por bem procurar outra entrada, haja vista o risco pavoroso de dar de ombros com um desses, me pedindo licença para entrar; ou, o que seria mais inusitado, me pedindo licença para sair. Achei por bem não arriscar e procurar ao menos uma ENTRADA DE RABECÃO, para que eles, os cadáveres, passem bem guardados dentro do carro de coleta e fiquem impedidos de me admoestar. Como não encontrei, achei por bem entrar por um portãozinho lateral de gente viva, daqueles que só entra uma de cada vez.
Cruz credo! Sai, Satanás! Ainda não sou só corpo.

Publicada originalmente no Intimorato, em 30/04/2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cena de Belém: recado dado

Flagrantes do cotidiano. Na Rua 3 de Maio, entre Antônio Barreto e Domingos Marreiros, ali onde tem o canal, o recado foi curto e grosso:Mas alguém não gostou da sinceridade e, esta semana, uma camada de tinta cobriu a mimosa mensagem. Mas o registro ficou para a posteridade.

Publicada originalmente no Arbítrio do Yúdice, em 05/04/2008

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O buraco negro da Rua Henrique Gurjão



A NASA, Agência Aeroespacial Norte-americana, planeja, para breve, uma missão ao buraco negro da Rua Henrique Gurjão, Bairro do Reduto, região central do planeta Belém.
Localizado na constelação da República, o buraco é capaz de arrastar até a luz ao seu redor. Cosmonautas serão enviados para pesquisar o fenômeno e detectar a presença de água no inóspito astro inerte no centro da cosmopolitana e universal constelação Dudu, há mais de dois meses. Suspeita-se de que o buraco negro no centro da estrela Bebel seja uma magnífica criação de seres de inteligência de nível nunca visto.
A missão da NASA será pesquisar a possibilidade da existência de um vulcão que entra em erupção para dentro, sugando toda espécie de ser vivo ou aeronaves que se aproximam do fabuloso buraco negro.
A pedido dos cientistas, a ONU convocou uma reunião urgente do Conselho de Segurança, com o objetivo de coagir os Jetsons a aceitarem a proposta de um pacto de transferência de tecnologia capaz de evitar o contato com o solo.
A equipe do prefeito Dudu, ao que parece, prefere manter distância do campo gravitacional do espaçoso buraco.

Publicada originalmente no Intimorato, em 25/05/2008

terça-feira, 21 de julho de 2009

Muito sol e noite estrelada

Sob um sol implacável e maré cheia pela manhã, as tardes em Mosqueiro foram sublimes para todos.



E as crianças aproveitaram as águas calmas para brincar, apreciando o incrível panorama favorecido pela boa conjugação de luz e clima.


E brincaram sem parar, ora jogando areia ao mar que os "desafiava", ora dando mergulhos, "pegando jacarés" nas ondas mais generosas e seguras...



...ora simplesmente sentando na areia e apreciando a brincadeira de outras crianças, algo mais velhas.



E de manhã cedo, a maré cheia batia na amurada com violência, trazendo momentos de paz e banho garantido sem grande esforço.



As águas da tarde, mornas e gentis, massageiam seu corpo levando ao relaxamento total dos endurecidos ombros do cotidiano das cidades.



Para tudo acabar em uma bela noite estrelada, daquelas que há muito não conseguimos vislumbrar, ofuscados pela iluminação feérica e amarelada das cidades.
Que as lentes do fotógrafo conseguiram captar, com exposições de 30 segundos.

Publicada originalmente no Flanar, em 31/08/2008

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dane-se o pedestre

Esse é o recado implícito na placa da loja da esquina da Av. Brás de Aguiar com a Tv. Quintino Bocaiúva, Bairro de Nazaré!!! Conseguem ler a placa rósea na vitrine?

De fato, fecharam. Mas a calçada toda.

Vamos ver quanto tempo a AUTORIDADE leva para aparecer, para nos dar de volta nossa querida calçada recém reformada.

Publicada originalmente no Intimorato, em 21/05/2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cena de Belém: o esconderijo

Se você está à procura Dele e não consegue encontrá-Lo. Se você quer pedir alguma coisa diretamente ou, pior, tem o topete de achar que Ele lhe deve alguma coisa, mas se esconde, seus problemas acabaram. Encontramos o Seu paradeiro.
Praça São Cristóvão, Belém, Pará.

Publicada originalmente no Arbítrio do Yúdice, em 10/05/2008

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A europa é aqui... pelo menos pareceu!

Hoje amanheceu com neblina. Coisa que não se via a algum tempo em Belém/Ananindeua. Clima ameno, bem gostoso. Diria até, com certo exagero, um clima europeu! Dá vontade de sair pra caminhar na rua. Gosto quando o dia começa assim, mesmo sabendo que logo mais a temperatura volta à normalidade, ou seja, de 30º pra cima.
Tirei algumas fotos (a Nádia tirou, melhor dizendo. Eu tava dirigindo! :-) ). Pena que foi com a câmera do celular, já que a máquina fotográfica ficou em casa. Mas dá pra ter uma ideia (ideia sem acento agudo, segundo o novo acordo ortográfico! :-) ).
Essa foto aí de baixo foi tirada quando passava em cima do viaduto da BR-316. A vista é da saída da cidade:

Essa outra foi tirada saindo do viaduto e entrando na BR-316, a caminho do trabalho:

Essa já na BR-316, no sentido Viaduto-Entroncamento:

Agora na av. João Paulo II, quase chegando na Dr. Freitas. A ideia era mostrar a torre da RBA. Um brinde pra quem descobrir onde está a torre!

Aqui, a torre da RBA mais de perto torre da Atlas-BR (agradeço a correção ao Belenambulo. Nem eu mesmo que tirei a foto observei que tava vendo a “torre” errada. Boa observação!). Não estou ganhando nada com a propaganda! :-)

Só pra mostrar o contraste do clima, algumas fotos tiradas no sábado retrasado (também com o celular, de novo esqueci a câmera!...), ao lado da Casa das 11 Janelas. Foi um fim de tarde maravilhoso. Veja:

Mais uma:

E outra:

Agora, falando sério: tem clima mais gostoso do que acordar com um sorriso desses??????

Publicada originalmente no Farinha Digital, em 17/05/2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Voltando de Mosqueiro

Mais um retorno de um período de apenas 2 dias inteiros em Mosqueiro. Embora o tempo não seja medido naquele lugar mágico, ele sempre volta aos relógios na hora do duro retorno ao cotidiano, que nos dá condições de sobreviver e continuar voltando para lá.
E a cada vez que volto à ilha, sempre a vejo com alguma novidade. Algumas, um bálsamo para os olhos. Como as mudanças que as marés sazonais imprimem às praias, ora expondo completamente as rochas que a constituem, ora escondendo-as quase completamente, cobrindo-as com areia, que também acaba por invadir parte de sua beira-mar. Sempre foi assim ao longo de séculos. Quando inclusive, haviam dunas de pequeno tamanho dispostas em certos pontos da praia. Antes da obra do muro de arrimo, que encerrou brutalmente sua formação natural.
Embalado com este persistente espírito supostamente desbravador com que sempre me dirijo a Mosqueiro, consegui sair um pouquinho do conforto de minha rede para fazer as fotografias de sempre. E a cada vez que faço isso, surpreendo-me um pouco com as imagens que aquele lugar nos presenteia. E nenhum dia, em nenhuma parte do universo, é exatamente igual ao outro. Em Mosqueiro não seria diferente.


A árvore e o vento

Esta imagem aconteceu na hora em que apreciávamos o vento e as ondas da maré cheia noturna. E mosta um fato que já acontece há anos por lá. As árvores continuamente açoitadas pelo vento. Algumas, ousadamente, se desenvolvem indo em direção ao vento. Como se, num embate sem vencedores. Natureza contra natureza. Mas nem todas resistem. Muitas sucumbem ao longo dos tempos, renovando a vida.


A pedra e as ondas

Neste ciclo de vida e morte, nem as rochas resistem. Apesar de sua consistência, perdem volume continuamente de maneira gradual ao serem continuamente atingidas pelas ondas. Mas em certas horas, mesmo elas, parecem algo integradas neste sistema.


Ouçam o ruído das folhas dos açaizeiros

E a vida surge em ciclos que explodem frutas, flores, as mais variadas. Uma para cada época.
O açaí é parte importante do cenário. O vento quando os açoita, produz um ruído característico, que para ouvidos atentos e experientes, é fácil distinguir dos demais.


A banana, quase pronta para consumo.

Passear pelo quintal e perceber o ritmo das plantas é um exercício solitário. Dificilmente se consegue o mesmo prazer ao lado de alguém. Nunca da mesma exata maneira. E isso é uma das atividades que pessoalmente, mais admiro fazer na ilha.

A macaxeira.

E neste exercício, é possível encontrar esta tenra Macaxeira (ou Aipim). E alguém sabe como diferenciá-las da mandioca? Percebam que trata-se de um conhecimento crítico uma vez que, a mandioca, é conhecida por seus efeitos venenosos. O mesmo não acontece com a macaxeira.
Para complicar, a árvore, estruturalmente falando, é rigorosamente igual. Como então fazer a diferença entre elas.
Aprendi com um caboclo: na macaxeira, o "ôlho" é roxo; na mandioca ele é verde. E o "ôlho" ao que o caboclo inteligentemente se refere, é a região do topo da inflorescência, onde estão os galhos mais jovens. Neste ponto, verifique a cor dos galhos e mate a charada.
E como se pode ver claramente na fotografia acima, os galhos são roxos.
Pode arrancar, raspar as raízes, cozinhar e comer de imediato com manteiga.

Publicada originalmente no Flanar, em 20/10/2008

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Curto e grosso

Encontro Nacional de pescadores, São João de Pirabas, em 2007.
Até um Ministro frequentou o logradouro.

Publicada originalmente no Pensando Bem, em 05/04/2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A cidade perdida II

Automóveis? Para quê automóveis? Caminhar era a ordem do transporte àquela época. O ar puro era a vitamina dos pulmões. Tudo devia ser tão pertinho que qualquer coisa sobre rodas era desnecessário.
Sob a sombra das mangueiras e ao som da brisa na folhagem, que prazer...


Hoje a avenida é de um colorido sem graça, quase não se ouve o som da brisa nas folhagens, o alarido do trânsito domina o espaço em todos os sentidos e sensações. Sabem de que rua é a foto?

Créditos fotográficos: Todas as fotografias antigas que publiquei e outras que porventura venha a publicar fazem parte do acervo do Sr. Jamba.


Publicada originalmente no Intimorato, em 18/11/2007

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A cidade perdida

Todo mundo sabe que Belém foi transformada ao longo dos anos. Aliás, é mais adequado dizer: desfigurada. Aos poucos, sua herança arquitetônica européia deu lugar a prédios de contornos ultra pós-modernistas, ofuscando assim sua história, seu passado glorioso. Os novos edifícios de Belém são simplesmente horrorosos se comparados aos mais antigos. É quase uma unanimidade.
A maior pobreza de um povo é não preservar sua própria história. Permitir que se destruam prédios de indiscutível valor arquitetônico foi e é uma característica marcante das políticas públicas municipais, desde o final do ciclo da borracha, acentuando-se com a urbanização pós anos sessenta e o conseqüente crecimento urbano desordenado. Sem um plano de desenvolvimento urbano, a cidade perdeu sua unidade, seu conjunto arquitetônico, sua própria identidade. Os prédios mais belos de todos os tempos acabaram sendo demolidos para darem lugar a verdadeiros caixotes sem qualquer valor artístico, exemplos incontestes da falta de sensibilidade de gerações de prefeitos e governadores, que, ao longo do século passado, consolidaram a política da submissão da cultura aos interesses econômicos, da prevalência do direito privado sobre o interesse público.
Um exemplo de que pouco nós, belenenses, sabemos de nossa história é a fotografia abaixo. Poucos saberão dizer onde ficava e o que foi erguido em seu local.


Atualmente, nós que fazemos parte desse novo ambiente virtual, dessa nova forma de circular os quereres e formar opinões, podemos dar nossa contribuição e ajudar a resgatar um pouco da história de um tempo em que Belém do Pará foi uma das cidades mais belas do mundo. Jamais haverá desenvolvimento urbano sustentável se não pudermos garantir às gerações futuras o direito de usufruir de seu conjunto arquitetônico originário, suas origens.
Então? Vamos começar? Uma boa sugetão é nos unirmos e, com nossas modernas câmeras digitais e celulares, fotografarmos os prédios históricos que estão em situação de abandono e pedir providências.

Mas antes diga aí: qual é o prédio da foto e o que foi construído em seu local?

Publicada originalmente no Intimorato, em 15/11/2007

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Esse rio é minha rua...

Essa postagem do Lafayette foi uma das mais interessantes que já li. O cara foi emendando uma ideia na outra, e quando foi ver, deu nisso aí. Confiram.

Ontem, por volta das 17 horas, passei na Almirante Barroso, deconfronte ao Conjunto do BASA, onde estava acontecendo a desobstrução, por ordem judicial, da Tavares Bastos, por dentro daquele conjunto, até a João Paulo II.

Caia um dilúvio feito um viaduto. Não consegui parar e tirar fotos da entrada do BASA (não tive a sorte que teve o Belenâmbulo).

Ao retornar ao escritório, fui pela ruela que desagua a João Paulo II, que, pra não variar, estava engarrafada, como comentei nesta postagem do Quinta Emenda.

Vejam as fotos.

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Mas, é o seguinte.

Belém foi atropelada pelo tempo, pelos fatos e pelos administradores públicos. As 1º e 2º guerras mundiais contribuiram para a sinuca-de-bico que hoje se encontra a estrutura viária de Belém. Costumo dizer que, em Belém, está a mais distante base da Marinha de um rio ou mar: começo da Av. Augusto Montenegro (Estação de Rádio).

De maldade, ainda temos uma pista de pouso de aviões bloqueando, pelo menos, 6 grandes vias: 25 de Setembro, Duque de Caxias (não me venham com este papo que aquela ruela ao lado do Angar foi a solução!), Marquês de Herval, Pedro Miranda, Antônio Everdosa e Senador Lemos.

Todas estas vias saem do nada e vão a lugar nenhum. Agora, penso como seria bom se todas estas vias (QUE SÃO PARALELAS E, ATÉ QUE O MUNDO SE ACABE, SÓ SE ENCONTRAM LÁ NO INFINITO, ou dentro da fronteira de eventos de uma estrela de Neutrons, mas isso é outro papo) continuassem, continuassem, continuassem até depois de Marituba, até Benevides, ou até um grande entrocamento na entrada da via que nos leva para Mosqueiro, a Rod. Augusto Meira Filho. Era para ser assim…

Augusto Meira Filho era Engenheiro Civil, filho do Senador Augusto Meira e de Anésia de Basto Meira (costumo dizer que, se é pra ter filhos inteligentes, o cidadão tem que se mirar nestes dois. Não nasceu um mais ou menos!). Para começar a entender o que Belém é, o interessado tem que ler os livros do Augusto Meira Filho.

Landi, esse desconhecido (o naturalista) e o O bi-secular Palácio de Landi , são livros necessários, vitais. Mas, para o tema em questão, os livros Contribuição à História de Belém e Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará, ambos dele, são fundamentais.

Fruto de intensa pesquisa, ali você encontrará o que Belém era, e pra onde Belém ia. Estava tudo certo, meus amigos, estava tudo certo e planejado.

Ah, de lambuja, não deixe de ler Mosqueiro – Ilhas e Vilas do mesmo Augusto, que era apaixonado pela Bucólica (você sabe o motivo?).

Mosqueiro Ilhas e Vilas

Augusto Meira Filho

Augusto Meira Filho

Onde encontrar estes livros? Por aí… em sebos, inclusives, virtuais, em bibliotecas públicas ou com algum parente. Eles tem.

Vamos dar uma volta lá no passado?

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/198.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/198.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/05.jpg - visão da ladeira da foto acima

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/05.jpg - visão da ladeira da foto acima

Estas duas fotos mostram como a obstrução de vias públicas em Belém prejudica nossa visão ao que esta cidade tem de mais belo: O Rio.

A Praça do Carmo, um dos nossos primeiros pontos como cidade, ao final da antiga e primária Rua do Norte, que saía do Forte de Belém é exemplo disso.

A Tv. Dom Bosco e a Joaquim Távora estão fechadas por particulares há anos (uma delas, fechada com muro, portão e tudo mais por uma empresa de pesca, que, pesquisando na web, não consegui confirmar o nome). Do outro lado do Rio, a Tv. Dom Pedro I continua, também, fechada por portões particulares (Caso Ver-o-rio-SANAVE, em que o ex-Prefeito Edmilson Rodrigues, arquiteto, ainda precisa explicar a sua biografia).

Será que o direito de ir e vir e a retomada de via pública, dois argumentos afirmados pela Prefeitura de Belém para desobstruir a via central do Conjunto do BASA, farão história? E, serão motivos plenos à desobstrução da Tv. Dom Bosco, da Tv. Joaquim Távora e da Tv. Dom Pedro I?

Minha avó dizia: A mesma vara que lambe a costa de Chico, lambe a de Francisco!

Lembro ainda que, alguns Vereadores de Belém, uns não mais, outros ainda naquela Casa, tiveram uma idéia absurda de fechar a Av. Marechal Hermes e parte da Av. Doca de Souza Franco, para que a Companhia das Docas do Pará – CDP pudesse colocar seus contêineres, estacionamento de carretas e cargas (imaginem aquela quantidade de boi obrando por lá – que beleza…).

Isso mesmo, em Março de 2004, quase todos os Vereadores da Câmara Municipal de Belém, aprovaram um requerimento de autoria do então Vereador Cézar Meira (PMDB), que pretendia abrir um plebiscito acerca da incorporação pela CDP de 70 metros da Av. Doca de Souza Franco e 395 metros da Av. Marechal Hermes.

O procedimento estava adiantado, quando a opinião pública (sempre a redentora), começo a sentar a piquiúba e, parece, arquivaram a idéia (ps.: “parece”, mas é sempre bom ficarmos de olho, pois o Presidente da CDP à época era o atual Vereador Ademir Andrade, líder do PSB… e, assim, vai que…)

Meus queridos representantes municipais do Povo: EU QUERO VER O RIO!

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Foto de Aluisio Meira

Foto de Dricobel (http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://i245.photobucket.com/albums/gg55/Drico-bel/verorio-1.jpg&imgrefurl=http://www.skyscrapercity.com/showthread.php%3Ft%3D603519&usg=__occqnfKBpC80kAY5VqsVQpnxa5Q=&h=480&w=640&sz=128&hl=pt-BR&start=1&tbnid=_VBhQOnv8kSGuM:&tbnh=103&tbnw=137&prev=/images%3Fq%3DMarechal%2BHermes%2Bbel%25C3%25A9m%2BCDP%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG)

Foto de Dricobel (http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://i245.photobucket.com/albums/gg55/Drico-bel/verorio-1.jpg&imgrefurl=http://www.skyscrapercity.com/showthread.php%3Ft%3D603519&usg=__occqnfKBpC80kAY5VqsVQpnxa5Q=&h=480&w=640&sz=128&hl=pt-BR&start=1&tbnid=_VBhQOnv8kSGuM:&tbnh=103&tbnw=137&prev=/images%3Fq%3DMarechal%2BHermes%2Bbel%25C3%25A9m%2BCDP%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG)

Voltando ao passado. Como dito, estava tudo planejado:

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/58a.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/58a.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/65a.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/65a.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/65b.jpg

http://www.forumlandi.com.br/bibliotecaArq/65b.jpg

No Youtube, Haroldo Baleixe (que se autodenomina, Baia1990), nos mostra, em vídeos-exemplos de cidadania, como as situações vão se transformando no que se vê agora:

Belém, ao meu ver, tem que decidir o que quer. E meter a cara com obras que, realmente, promoverão melhorias estruturantes (para utilizar umas das palavras da moda) ao funcionamento orgânico do escoamento e trânsito de pessoas, veículos e aeronaves.

O Projeto de Interligação Viária do Entroncamento e Eixos, é importante, sem dúvida, para melhoria da situação caótica do trânsito de saída e entrada de Belém.

Foto de Maurício Koury Palmeira

Foto de Maurício Koury Palmeira

Foto de Maurício Koury Palmeira

Foto de Maurício Koury Palmeira

Porém, está longe de ser, pelo menos, uma pequena luz no fim do túnel.

A abertura do Conjunto do BASA, por exemplo. Diz a Prefeitura de Belém que visa desafogar o trânsito.

Pois bem. Vamos a um pequeno exercício: Estou vindo pela Av. Almirante Barroso, ruma à saída de Belém. Engarrafado como sempre, chego na via do BASA e entro à direita, visando pegar a Av. João Paulo II.

Chegando lá, vejo um avenida larga, bem asfaltada. Viro à esquerda. Ando uns 800 metros, e chego nauquela ruelazinha que fotografei e coloquei ali em cima. Que é de mão dupla!!!

Caminho por esta ruazinha e… chego de novo no meio do Complexo Viário do Entroncamento, mais ou menos 1 quilômetro da entrada do Conjunto do BASA!!!

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Chegando mais perto, o que se percebe é que Belém está navegando com o leme avariado. Solto, ele leva o nosso barco ao sabor das correntezas que submergem ao sabor das facilidades, dos acordos, dos conhavos, dos jeitinhos. Pobre Belém. Pobre de nós.

*Este Rio é Minha Rua (Paulo André e Ruy Barata)

**Em algumas fotos desta postagem não consegui descobrir o autor, se alguém identificar a autoria, favor me informar que retifico.



Publicada originalmente no Golden Slumbers, em 22/05/2009