quinta-feira, 9 de julho de 2009

A cidade perdida

Todo mundo sabe que Belém foi transformada ao longo dos anos. Aliás, é mais adequado dizer: desfigurada. Aos poucos, sua herança arquitetônica européia deu lugar a prédios de contornos ultra pós-modernistas, ofuscando assim sua história, seu passado glorioso. Os novos edifícios de Belém são simplesmente horrorosos se comparados aos mais antigos. É quase uma unanimidade.
A maior pobreza de um povo é não preservar sua própria história. Permitir que se destruam prédios de indiscutível valor arquitetônico foi e é uma característica marcante das políticas públicas municipais, desde o final do ciclo da borracha, acentuando-se com a urbanização pós anos sessenta e o conseqüente crecimento urbano desordenado. Sem um plano de desenvolvimento urbano, a cidade perdeu sua unidade, seu conjunto arquitetônico, sua própria identidade. Os prédios mais belos de todos os tempos acabaram sendo demolidos para darem lugar a verdadeiros caixotes sem qualquer valor artístico, exemplos incontestes da falta de sensibilidade de gerações de prefeitos e governadores, que, ao longo do século passado, consolidaram a política da submissão da cultura aos interesses econômicos, da prevalência do direito privado sobre o interesse público.
Um exemplo de que pouco nós, belenenses, sabemos de nossa história é a fotografia abaixo. Poucos saberão dizer onde ficava e o que foi erguido em seu local.


Atualmente, nós que fazemos parte desse novo ambiente virtual, dessa nova forma de circular os quereres e formar opinões, podemos dar nossa contribuição e ajudar a resgatar um pouco da história de um tempo em que Belém do Pará foi uma das cidades mais belas do mundo. Jamais haverá desenvolvimento urbano sustentável se não pudermos garantir às gerações futuras o direito de usufruir de seu conjunto arquitetônico originário, suas origens.
Então? Vamos começar? Uma boa sugetão é nos unirmos e, com nossas modernas câmeras digitais e celulares, fotografarmos os prédios históricos que estão em situação de abandono e pedir providências.

Mas antes diga aí: qual é o prédio da foto e o que foi construído em seu local?

Publicada originalmente no Intimorato, em 15/11/2007

4 comentários:

Scylla Lage Neto disse...

Wagner, o Belenâmbulo está cada vez melhor. Passei um tempo off-line e não posso deixar de registrar o crescimento do blog diante dos meus olhos.
Parabéns e um abraço.

JOSE MARIA disse...

Meu caro Belenâmbulo,

Tens razão. E és imprescindível nesse papel de Grilo Falante de nossas consciências embotadas pela mediocridade sobrenadante.
Também sou mais o velho Grande Hotel do que esse Hilton anódino de hoje, com todo o respeito ao seu renomado arquiteto (que, suponho, ignorou que para construir sua criação destruiu um belo exemplar arquitetônico de um passado que não volta mais).

Quem quiser comparar os dois pode ir aqui: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=294613

Claudia disse...

Esse é fácil: Grande Hotel, onde agora está o Hilton!
Vamos promover uma caminhada fotográfica coletiva. Todo meu apoio, e do Marcos do Tempo (um pouco paradinho...): http://www.marcosdotempo.blogspot.com

Belenâmbulo disse...

Scylla,
Estava sentindo sua falta por aqui.
Agradeço por suas palavras, ressaltando que muito de meu entusiasmo se mantém graças à interação com os leitores.

Alencar,
O mérito dessa postagem é todo do Fred Guerreiro, o Intimorato. Eu só fiz republicar.

Cláudia,
Então vamos lá!
Aqui, a campanha se chama "Fotografe, antes que desabe!". Diferentes denominações para um mesmo anseio, manifestado em diversos blogs.
Agradeço pelo apoio, e conte comigo também.


Abraços